ENTRE-REDES
- Área: 300 m²
- Ano: 2024
- Local: São Paulo, SP - Brasil
- Categoria: pavilhão temporário
- Arquitetura: RUÍNA Arquitetura e Yemail Arquitectura
- Assistente Arquitetura: Beatriz Yu
- Montagem/desmontagem: Install
- Identidade Gráfica: Piedra Tijera Papel
- Produção Executiva Exposição: Casaplanta
- Realização: Ministerio de Cultura de Colombia e Biblioteca
- Fotos: Camila Alba
O Pavilhão da Colômbia para a 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo (ENTRE-REDES) é um projeto que nasceu do encontro-fronteira entre Colômbia e Brasil. Partindo do território amazônico — lugar comum, ancestral e central (ainda que historicamente marginalizado) para ambos os países — nossa proposta buscou re-imaginar o que poderia ser a materialização desse diálogo e suas complexidades.
Com o intuito de criar uma narrativa através das partes mais significativas da paisagem amazônica e suas cosmologias, exploramos referências próprias nas montanhas e florestas, no arquétipo da Maloca e nas redes - elemento que dá suporte à pesca, ao trabalho e ao descanso na região.
O pavilhão se estrutura a partir de 3 pontos de apoio em pilares-árvores e 3 espaços-programa que fluem entre si: no centro, a exposição La Vorágine, e nas extremidades um auditório e uma livraria. Uma grande rede recobre toda a extensão do pavilhão criando uma cobertura topográfica remetente aos cerros amazônicos colombianos - Pajarito, Mono e Mavicure. Na livraria, a rede volta a aparecer como fechamento para as estantes modulares que formam um grande círculo e convidam os visitantes para uma experiência coletiva.
Como exercício de reflexão e proposição sobre o território em que a Bienal se inseriu — vizinha ao bairro do Bom Retiro — introduzimos ao projeto materiais residuais da indústria têxtil. Os diferentes pufes e almofadas presentes no auditório, exposição e área infantil foram confeccionados pelo coletivo de costureiras local, Flor de Kantuta, utilizando retalhos de tecido que são descartados diariamente na região.
Após a desmontagem do pavilhão, o projeto segue e se desdobra em novas possibilidades. A partir da doação e reinserção dos materiais, foi possível realizar a requalificação dos espaços de brinquedoteca e biblioteca da Ocupação 9 de Julho (Bela Vista, São Paulo).
Apesar da condição temporal inicial — a Bienal tem duração de 10 dias — o desejo de materializar um projeto enquanto "rede" que entrelaça diferentes territórios e narrativas, capaz de construir pontes e ressignificar sua própria existência se mostrou possível.