ESTRUTURA BRUTA

  • Ano: 2021
  • Local: São Paulo, SP - Brasil
  • Categoria: Expografia

Adentrar e percorrer o espaço expográfico deve ser como estar na cidade construída a partir da lógica androcêntrica. Os elementos expográficos para além de suporte das obras, simbolizam e reforçam por meio da experiência física, as contraposições exploradas como narrativa das fotografias e as tensões geradas a partir delas – claro e escuro, masculino e feminino, público e privado. Esses elementos fazem parte do universo infraordinário, são banais, cotidianos, comuns: as grades e tapumes que separam lugares e corpos; os blocos de concreto e pedra que constroem cidades e – esculpidos – monumentos.

Os suportes das fotografias trazem linearidade e verticalidade. Os percursos possíveis por entre os suportes – ao contrário –, são múltiplos, imprevisíveis e “indomesticáveis”. Rompem com a imposição do espaço expositivo descolando-se das paredes para criar, eles mesmos, outros planos de observação das fotografias, por entre e através.

A implantação desses elementos no espaço expositivo, na medida em que aproxima-se do planejamento modernista – e portanto fortemente carregado pela perspectiva de gênero – propõe um movimento inverso daquele linear, cartesiano e progressista: para chegar ao fim da exposição é necessário retornar pelo mesmo caminho por onde se veio. O retorno apresenta uma outra perspectiva, sugerindo a dissolução das construções histórico-culturais hegemônicas a partir da ideia de passado, morte e memória: cemitério de crenças.